1. |
Luzes da Pousada
03:10
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saímos às duas para ir ver as luzes
ouviu-se uma tosse que não deixa dormir
o velho que dorme atrás da janela
da casa que é velha e que também vai cair
e o gato que foge
ai que gordo que ele é
ai que gordo que ele é
ai que gordo que ele é
saímos às duas para ir ver as luzes
da igreja que fica no meio do escuro
elas estão penduradas mas não estão ligadas
só poupa na luz quem não vive do seguro
a igreja simpática
ai que sinistra que é
ai que sinistra que é
ai que sinistra que é
anda de rua em rua
com frio e à procura
de abrigo na pousada
não vai dar
saímos às duas para ir ver as luzes
encontro uma árvore no meio da lama
o rio que é feito de papel de prata
é mais seco que areia onde o camelo passa
a árvore da escola
ai que lila que é
ai que lila que é
ai que lila que é
saímos às duas para ir ver varandas
espreitar os enfeites dos nossos vizinhos
descobri que o átrio do reformatório
é bem mais bonito que o do condomínio
e o arame farpado
ai que aguçado que é
ai que aguçado que é
ai que aguçado que é
anda de rua em rua
com frio e à procura
de abrigo na pousada
não vai dar
anda de rua em rua
com frio e à procura
de abrigo na pousada
não vai dar
anda de rua em rua
com frio e à procura
das luzes da pousada
deixa entrar
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2. |
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O som do eléctrico abafa o do sino,
aqui o Natal é sem Deus nem Menino.
O pai tá doente e eu logo imagino
o bom que é ser crente, achar isso divino.
Mas desde bem novo há destino para mim,
o Tio Zé diz que Deus é uma pedra no rim
e vai dizer até ao fim,
a dormir no sofá, "eu não sei porque vim:
Nasci judeu,
tornei-me ateu,
porque é que albergo eu
o jantar?
O teu pai de verdade
no hospital
porque é que estás cá a brincar
(ao Natal)?"
Não sei porque estou,
certo é que estou
e sem isso, oh tio,
há um certo vazio.
É tão bom
estar zangados no frio...
Quis converter-me mas não foi desta,
talvez amanhã, 25 ainda é festa.
Tornar-me o beato que o Tio Zé detesta,
ao menos agrado à família que resta.
Mas volto a ouvir o Tio Zé lá no fundo
"só livre de Deus o humano é profundo:
Nasci judeu,
tornei-me ateu,
porque é que albergo eu
o jantar?
O teu pai de verdade
no hospital
porque é que estás cá a brincar
(ao Natal)?"
Não sei porque estou,
certo é que estou
e sem isso, oh tio,
há um certo vazio.
É tão bom estarmos juntos no frio!
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